Análise de O Mercenário, volume 5: A Fortaleza e volume 6: A Bola Negra.
Antes de iniciar a análise propriamente dita a O Mercenário 5 e 6, pode dizer-se que O Mercenário é uma série de Banda Desenhada clássica. Clássica porque o tempo decorrido desde a publicação original conferiu-lhe esse estatuto. Clássica porque os desenhos o são, ao nível do estilo. Clássica porque as histórias, aparentemente tão simples, depois de lidas ficam na memória e facilmente são recontadas pelo leitor, capaz de as reviver vezes sem conta.
E, no entanto, o que agora é clássico já foi inovador. Desde logo, o tipo de abordagem artística que Vicente Segrelles imprime à série, com cada vinheta a ser tratada como um quadro a óleo. E inovador porque o autor, declaradamente, dava mais importância às imagens do que ao texto – O Mercenário era uma obra mais para ser vista do que lida.
Sabendo que isto não é inteiramente verdade (ver os artigos “Nada é Assim tão Simples!“, “Ao Estilo de Sherazade!“, “O Recomeço!” e “A maldição do menino da lágrima!“), temos em A Fortaleza e A Bola Negra – agora publicados em Portugal pela Ala dos Livros (cf. sinopse e previews dessa edição aqui e aqui) – os dois álbuns de consolidação da série, tanto ao nível de argumento e continuidade como ao nível da criatividade artística.
Se nunca leu O Mercenário, estes dois álbuns são um bom ponto de partida – depois é só voltar atrás. E se já conhece a série, sabe o que esperar. Ou será que não?
Vamos às histórias!
O momento é solene e grave. No Mosteiro da Ordem da Cratera, o Lama, mestre e ancião, reúne toda a irmandade. É sabido que Claust, o seu inimigo mortal, construiu uma fortaleza inexpugnável de onde pretende dominar toda a Terra das Nuvens Permanentes, mercê de um extraordinário armazenamento de pólvora e de armas explosivas. O segredo da pólvora roubo-o à Ordem da Cratera e é desconhecido de todos os Estados vizinhos.
O Lama equaciona agora dar a fórmula da pólvora aos outros povos, anulando o desequilíbrio de forças na região. Mas um novo dado vem eliminar esta decisão: a guerreira Nan-Tay infiltrou-se na fortaleza de Claust e descobriu o seu ponto fraco.
Há agora que recorrer ao génio inventivo do irmão Arnoldo de Vinci, o mestre armeiro. Este inventa uma nova arma de grande potência bem como um navio extraordinário capaz de a transportar. Mas há que construí-los e o tempo não corre a favor do Mercenário que deverá levar a cabo esta perigosa missão. E, para além disso, Nan-Tay deixou de dar notícias e o Mercenário prevê o pior…
A embarcação solitária chega a um embarcadouro abandonado. O manto de neve cobre toda a colina até a uma fortaleza que emite um feixe de luz misterioso.
Levado até aí pelo seu lacaio Valdor, Claust desconfia do conteúdo do papiro do outro. Um papiro que diz ser ali que se encontra uma substância que transforma as leis da física, um raio tão poderoso que é capaz de destruir tudo em que toca num raio de mais de cinco léguas.
E, de facto, a fortaleza abandonada, guardada apenas por soldados mumificados, encerra na sua torre aquela arma mortífera que poderá colocar Claust de novo no poder.
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Amante da literatura em geral, apaixonado pela BD desde a infância, a sua vida adulta passa-a toda rodeado de livros como editor. Outra das suas grandes paixões é o cinema e a sua DVDteca.