Painel de André Lima Araújo na Comic Con Portugal 2024.
O Painel de André Lima Araújo na Comic Con Portugal 2024 teve lugar no dia 23 de março, às 10h30, no The Corporate Stage, com moderação da minha pessoa, Nuno Pereira de Sousa.
Começámos a conversa, evocando o que Mike Grell tinha referido no painel do dia anterior, de que nos anos 70, se os autores queriam trabalhar para a Marvel ou DC, tinham de se mudar para Nova Iorque. E como tudo tinha mudado, com André Lima Araújo a trabalhar para a Marvel no início da sua carreira a partir de Ponte de Lima. Lima Araújo explicou que, quando terminou o curso de arquitetura, perante a crise económica, não era fácil encontrar trabalho na área, tendo optado então por apostar na banda desenhada, que era algo que gostaria de tentar realizar eventualmente um dia mais tarde. Descreveu então o processo de apresentação do portefólio – no qual, algumas páginas em que tentou emular um estilo mais próximo do que pensaria que a Marvel estaria mais interessada, acabaram por ser retiradas após o primeiro portfolio review ao verificar que não seria esse o caminho – , bem como dos pequenos testes subsequentes antes de ter a sua primeira banda desenhada publicada pela Marvel.
No entanto, Lima Araújo ressalvou que, cronologicamente na sua carreira, a sua primeira publicação foi uma banda desenhada curta na antologia Venham +5 #8 (Bedeteca de Beja, maio de 2011).
Ao longo do painel, Lima Araújo referiu ainda o quão subjetivo pode ser uma avaliação de portefólio, bem como de pitches originais, mostrando ter tido resultados completamente díspares consoante os profissionais que as avaliam, bem como ter obtido respostas-modelo de recusa, que apontavam situações que nada tinham a ver com o trabalho que tinha apresentado, de um mesmo profissional que encontrou em editoras diferentes. Lima Araújo sublinha a importância do autor dever estar ciente da qualidade do seu trabalho, sendo tal mais importante que a opinião de terceiros, apesar de referir que é bom estar atento às críticas e utilizá-las para melhorar o seu trabalho quando se concorda com as mesmas.
Entre o trabalho que tem ilustrado para a Marvel, encontram-se números das séries FF, X-Treme X-Men, Fantastic Four, Age of Apocalpyse, Age of Ultron, Ultimate FF, Inhuman, Spider-Verse, All-New Inhumans, Edge of Venomverse, Ben Reily: Scarlet Spider, Thanos Annual, Silver Surfer Annual, X-Men: Black – Mojo, Asgardians of the Galaxy, War of the Realms: Journey into Mystery, Marvel Comics Presents e Marvel Comics, destacando Lima Araújo o trabalhou que realizou em 3 séries – Avengers A.I., Spidey e Black Panther: Long Live the King.
Lima Araújo revelou ainda que a publicação de banda desenhada da qual detivesse os direitos foi sempre algo que o interessou. Concordou também que a exposição que um autor que trabalha para a Marvel tem, permite abrir portas que, de outro modo, teria sido muito difícil. Concretamente, no que toca, à sua primeira obra publicada nos EUA, escrita e ilustrada por si, cujos direitos detém, Man Plus (Titan Comics, 2016), refere ter ficado insatisfeito com o marketing realizado pela editora. Uma das razões que o levou a optar pela Titan Comics era o de que, na altura, a editora estava decidida a apostar em banda desenhada creator-owned num modelo semelhante ao que a Image Comics já fazia, mas que quando as revistas começaram a ser lançadas, o seu foco já tinha mudado para licenciamentos, sentido que a sua banda desenhada já nem se enquadrava no catálogo da editora. Questionado se o lançamento da obra em Portugal permitiu atingir um novo público, Lima Araújo referiu que não, que, maioritariamente, os leitores da versão portuguesa da obra eram aqueles que já seguiam o seu trabalho.
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Fundador e administrador do site, com formação em banda desenhada. Consultor editorial freelance e autor de livros e artigos em diferentes publicações.