Análise de Brigantus 1: Banido.
Antes de se iniciar a análise propriamente dita a “Brigantus 1: Do Colt ao Gládio”, relembra-se que, para os romanos, pior que a Britânia só a Caledónia. Em termos contemporâneos, é o mesmo que dizer que pior que Inglaterra só a Escócia.
Ora, é precisamente aqui, na Caledónia, que Yves H. e o seu famoso pai, Hermann, acabados de completar o western Duke, situam Brigantus, o seu novo díptico.
E se é comum reconhecer-se em tempos medievais e posteriores a resistência dos escoceses aos ingleses, é menos conhecida a sua resistência sangrenta aos romanos.
É neste ambiente, por terras desoladas e pântanos infectos, que se passa a acção de Brigantus, cujo primeiro volume tem por título Banido e que acaba de ser publicado pela Arte de Autor (cf. sinopse e previews da edição nacional aqui).
É uma obra que não deve nada à simplicidade pois, em termos narrativos, tanto tem uma estrutura de péplum como de western, recorrendo até a um subterfúgio do policial noir.
Baralhado!? Antes de mais explicações…
Vamos à história!
Ano 84 d. C. Uma centúria romana desloca-se em pleno território picto com o objectivo de reforçar o contingente de um forte romano mais a norte. Pelo caminho, fazem paragem numa pequena aldeia para recolherem mantimentos à força. Aqueles poucos que se lhes opõem são sumariamente executados sem piedade por ordem do centurião. Antes de lhes virar as costas e prosseguir caminho, ele agradece-lhes e diz-lhes que Roma está orgulhosa deles.
O quotidiano da centúria é ritmado pelas marchas diurnas, os acampamentos de final da tarde, o treino dos recrutas e o abuso de poder de alguns soldados graduados.
Naquele mesmo dia, já com o acampamento montado, um recruta recebe a ordem para levar uma malga de sopa a um soldado que está um pouco afastado e a quem chamam de “picto”. Ao chamá-lo, o recruta não obtém resposta daquele homem gigantesco e silencioso. Este limita-se a pegar na malga e a descobrir, afogado na mistela quente, um rato – cortesia do optio Vigilius. O suboficial e seus companheiros observam à distância, divertidos. Mas, rapidamente, o sorriso desaparece-lhes do rosto. O “picto” pega na cauda do rato com dois dedos e traga-o de uma assentada, largando um sonoro arroto.
Nos dias que se seguem, Melonius Brigantus (pois é esse o seu nome) vai demonstrar como é o soldado mais feroz e eficaz da centúria. E vai salvar os suboficiais de um ataque picto a coberto do nevoeiro. Os seus actos são heroicos, a sua lealdade a Roma é inequívoca. E, no entanto, os seus pensamentos parecem estar longe de toda aquela carnificina…
Use os botões para navegar entre as páginas do artigo.
Amante da literatura em geral, apaixonado pela BD desde a infância, a sua vida adulta passa-a toda rodeado de livros como editor. Outra das suas grandes paixões é o cinema e a sua DVDteca.