Utopia

Utopia

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Utopia, da autoria de Raquel Varela e Robson Vilalba.

Em abril, a Bertrand editou a banda desenhada Utopia, da autoria de Raquel Varela e Robson Vilalba, a qual aborda a Revolução dos Cravos pelos olhos de José, um personagem ficcional que poderia ser real.

A poucos dias dos 50 anos do 25 de Abril, a obra que retrata os tempos antes, durante e pós-Revolução já se encontra nas livrarias. José traz uma perspetiva invulgar sobre o que foi ser jovem no final do Estado Novo e em plena revolução, nesta narrativa ficcional que tem muito da verdade.

Naquele dia, a população ofereceu aos soldados que ali estavam café, leite… E cravos! Depois, vimos que muita malta começou a pôr os cravos nos canos das espingardas ou a usá-los na roupa. (…) Tinha chegado, finalmente, o Dia da Liberdade! (…) Passado o entusiasmado inicial da festa, começámos a tentar resolver vários problemas (…) A ideia de que os trabalhadores deviam estar armados para lutar, para não deixarem a burguesia controlar as armas sozinha, mostrava o radicalismo da revolução.

José é um jovem da periferia de Lisboa em plena década de 1960, que assiste aos anos finais do Estado Novo, vendo os pais dos seus amigos embarcarem para a guerra em África, participando no apoio às vítimas das terríveis cheias de 1967 e tomando contacto com as ideias políticas e intelectuais, os livros, a música e os filmes vindos de fora do país, muitas vezes clandestinamente. Ao longo dos seus anos de juventude, verá o desenvolvimento da luta antifascista, a opressão, o papel da música de intervenção, o festival de Vilar de Mouros e a queda do regime em 1974. Após o 25 de Abril, integrará os sectores mais ativos da esquerda militar, personificando o radicalismo, a desobediência e a intervenção revolucionária que, de alguma maneira, caracterizaram o período que ficou conhecido como PREC.

Raquel Varela, historiadora, professora universitária e investigadora, é autora de A História do PCP na Revolução dos Cravos (2011), História do Povo na Revolução Portuguesa (2014), Breve História da Europa (2018) e Breve História de Portugal – A Era Contemporânea (1807-2020) (2023), entre outros. Tem mais de quarenta livros publicados ou editados. É especialista em história do 25 de Abril e também em história das revoluções no século XX. Participa semanalmente em programas de televisão e rádio, e é guionista de documentários. Foi agraciada com vários prémios, entre eles, o Prémio da Associação Ibero-Americana de Comunicação/Universidade de Oviedo, Espanha, pelo seu contributo para a história global do trabalho e dos movimentos sociais. Em 2020, foi a primeira distinguida com a bolsa de investigação Simone Veil, Project Europe – Universidade de Munique. É presidente do Observatório para as Condições de Vida e Trabalho.

Robson Vilalba é um ilustrador, sociólogo e animador sediado em Curitiba, capital do Paraná, no Brasil. Conhecido pelo seu trabalho com jornalismo narrativo em banda desenhada, colaborou para publicações como Folha de S. Paulo, Le Monde Diplomatique e Gazeta do Povo. Em 2014, recebeu o reputado Prémio Jornalístico Vladimir Herzog de Amnistia e Direitos Humanos, pela série de reportagens ilustradas sobre a ditadura militar brasileira que resultaria no livro Notas de Um Tempo Silenciado (Besouro Box, 2015). Em 2020, publicou, pelas redes sociais da Editora Elefante, a banda desenhada infantil Quando o Corona Vai Embora?, em que aborda a relação com a sua filha durante a quarentena. Também é autor de Um Grande Acordo Nacional (Elefante, 2022), no qual aborda o processo de impeachment da ex-presidente do Brasil Dilma Rousseff. É licenciado em Sociologia pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), mestre na mesma área pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e frequentou uma especialização em História da Arte na Escola de Música e Belas-Artes do Paraná (EMBAP).

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