Fallout: Crítica. Estreia 11 de abril!

Fallout: Crítica. Estreia 11 de abril!

Fallout: Crítica da nova série que estreia a 11 de abril, à 1h00.

No dia 11 de abril, à 1h00 da manhã, estreia a série televisiva Fallout no serviço de streaming Prime Video, baseada na série de videojogos homónima. Todos os 8 episódios ficarão disponíveis em simultâneo. Já vimos os episódios! Esta é a nossa Fallout: Crítica, sem spoilers!

Criada por Jonathan Nolan e Lisa Joy (os cocriadores da série Westworld), a série mistura os géneros de ficção científica, western, drama e comédia num cenário pós-apocalíptico, com diversas analepses reminiscentes dos EUA após a II Guerra Mundial, durante a Guerra Fria e o medo real da ameaça do comunismo (evoca-se, inclusivamente, a Lista Negra de Hollywood) e do país se estar a dirigir para uma guerra nuclear.

No entanto, nesta história alternativa da Terra, rapidamente nos apercebemos que, quando os sobreviventes norte-americanos se refugiam em bunkers – denominados de Cofres – para evitar a aniquilação nuclear, aquela já não é a Terra que conhecemos. Já nos encontramos perante uma sociedade retrofuturista, surgida graças aos avanços na tecnologia nuclear após a II Guerra Mundial e uma subsequente guerra de recursos. O resultado é um estilo atompunk, com a física nuclear e as válvulas termiónicas a servirem como base ao progresso científico. Deste modo, o design combina tecnologia futurista com computadores e televisores dos anos 50, sendo ainda evidente a influência das linhas arquitetónicas da art deco, streamline moderne e googie. E a banda sonora está repleta de golden oldies.

Fallout: Crítica

A série inicia-se com um provocativo “The End”, em letras garrafais no ecrã. Só mais tarde, nos aperceberemos que o primeiro episódio está dividido em vários subcapítulos e que tal será o título do subcapítulo inicial, onde assistiremos ao fim da civilização como a conhecemos. E, dúvidas houvesse que estávamos a assistir a uma série baseada nos videojogos da série Fallout, as cenas que se seguem remetem cromaticamente para os tons de azul e amarelo do fato da mascote empresarial da Vault-Tec (na série, traduzida para português como Cofre-Tec), o Vault Boy (e demais habitantes dos Cofres, os cofristas) – as cores da camisa de cowboy do ator Cooper Howard (interpretado por Walton GogginsJustified, Os Oito Odiados), as cores do balões, as cores das decorações do bolo de aniversário… Este cuidado evocativo, por vezes em pequenos pormenores, é um ótimo cartão de visita da série, o qual, aliado à realização, cinematografia e interpretações, leva o espetador a acreditar que a série não só respeitará o universo dos videojogos como contribuirá para aumentar a fasquia das séries baseadas em videojogos.

A introdução à personagem Cooper Howard demonstra a sua habilidade com o laço de cowboy, uma competência útil nos filmes western que Howard filma – e que se provará útil, novamente, após o apocalipse. E se é nesta primeira parte, com a explosão nuclear, que visualizamos o primeiro grande efeito especial – e nos apercebemos da boa qualidade que os efeitos terão ao longo da série -, a mesma é contrastada pelo cowboy a galopar no seu cavalo, prenúncio de que a série pode ser enquadrada no subgénero do western de ficção científica.

O segundo subcapítulo do primeiro episódio avança a narrativa 219 anos (mas, ao longo da série, haverá espaço para importantes analepses com Cooper Howard). É nesta segunda parte que os espetadores travam conhecimento com Lucy MacLean (interpretada por Ella PurnellArcane: League of Legends, Star Trek: Prodigy, Yellowjackets). Dos três protagonistas, são as suas ações que comandam, geralmente, o rumo da narrativa. Sendo ela um dos habitantes do Cofre 33, neste novo cenário, assistimos quer a nível imagético quer de interpretações a um novo registo de género, mais próximo da comédia. Ao longo de toda a série, esta vai estando presente, seja mais dissimulada e sob a forma de sátira, seja mais explícita, sendo fascinante como se entrelaça com os demais registos. Mérito da fusão da escrita de Geneva Robertson-Dworet (com experiência da aventura e ficção científica de Tomb Rider e Capitão Marvel) e Graham Wagner (com a comédia de Silicon Valley).

Fallout: Crítica

Foi nas cenas do casamento arranjado (ou não fosse a prioridade recolonizar a Terra e levar a ordem de volta à superfície – building the future of America together) no Cofre 33 que o meu subconsciente me decidiu alertar que tudo parecia um cenário, para milionésimos de segundo depois a razão sobrepor-se e e indicar que realmente assim era. Afinal, estávamos dentro do Cofre 33, o qual produz, principalmente, milho, e tem um projetor telessónico na quinta que transmite imagens rurais do Nebrasca.

É neste cofre, repleto de mensagens positivas e com um modelo meritocrático, em que os seus habitantes se orgulham de fazer o correto, que vamos encontrar o Supervisor Hank MacLean (interpretado por Kyle MacLachlanDuna, Veludo Azul, Twin Peaks) e Lee Moldaver (interpretada por Sarita ChoudhuryThe Hunger Games – A Revolta, Jessica Jones, A Lenda do Cavaleiro Verde).

Neste primeiro episódio, tal como os demais, os apontamentos sexuais pendem mais para o aspeto cómico do que o irreverente. Por outro lado, a comédia surge frequentemente como forma de suavizar cenas de violência extrema, assistindo-se a um efeito análogo com a utilização da banda sonora per se – ou, inclusivamente, materializada na forma da jukebox machada de sangue a tocar animados golden oldies.

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