As Guerras de Lucas – O efeito Guerra das Estrelas

As Guerras de Lucas – O efeito Guerra das Estrelas

As Guerras de Lucas – O efeito Guerra das Estrelas

As Guerras de Lucas – O efeito Guerra das Estrelas: Análise de As Guerras de Lucas.

As Guerras de Lucas são as nossas vitórias…

6 de Dezembro de 1977.

O tempo estava frio naquele final de tarde, mas não chovia. O Saldanha estava dominado pelo cartaz gigantesco que cobria parte da fachada do cinema Monumental. A expectativa e o entusiasmo eram enormes. O meu irmão e eu, com 9 anos de idade, vestidos a preceito (como era habitual então) e acompanhados por meus pais, eramos apenas quatro cabeças entre quase duas mil. Plateia e balcões estavam à cunha, naquela estreia lisboeta que criara expectativas ao longo dos sete meses que a distanciaram da estreia em Hollywood. Ao contrário do que era habitual, não houve trailers, notícias ou desenhos animados. Ficou escuro durante poucos segundos para depois o ecrã negro iluminar-se em silêncio durante 5 segundos com a frase “Há muito tempo, em uma galáxia muito, muito distante…”. Mais dois segundos de ecrã negro e, do nada, surgem a todo o ecrã duas palavras em inglês acompanhadas pela explosão sonora de uma fanfarra a que se juntam compassos de marcha – STAR WARS. O meu irmão e eu trocamos olhares, arregalamos os olhos e sorrimos um para o outro, cúmplices, certos de que aquele iria ser um grande dia. E foi!

Na vida de cada ser humano existem aqueles momentos raros – que talvez se possam contar pelos dedos – em que determinado acontecimento nos afecta de tal maneira que nos lembramos onde estávamos, o que estávamos a fazer, com quem estávamos e até como estava o tempo. Mais raro ainda é quando esse momento cria uma sequência de ondas que se repercutem no tempo e nos fazem reviver, com igual entusiasmo e expectativa, o momento original.

E isso é o “efeito Guerra das Estrelas”. Passados 47 anos da estreia em Portugal, a magia e o maravilhoso continuam e sobrevivem ao crivo das gerações. E o meu irmão e eu, durante muitos e muitos anos, continuámos a olhar um para o outro, cúmplices, e a sorrir, sabendo que íamos repetir aquele grande dia a cada nova estreia, a cada livro lido, a cada brinquedo ou estátua comprados.

Mas, para que o rosto de muitos milhões de pessoas se iluminasse por esse mundo fora, foi preciso que o génio de um só homem prevalecesse, contra tudo e contra todos, mesmo até ao último segundo.

Pois, venha daí, caro leitor, seja cinéfilo, amante de Banda Desenhada da boa ou um incondicional de Star Wars – Guerra das Estrelas e fique a conhecer tudo por que George Lucas passou para que a saga visse o seu primeiro episódio (que na realidade é o quarto) estrear no grande ecrã.

As Guerras de Lucas, com argumento de Laurent Hopman e desenho de Renaud Roche, é mais um grande lançamento da Ala dos Livros em Portugal (cf. sinopse e previews da edição nacional aqui) e inclui um interessante caderno de extras com o making of de algumas pranchas, esboços e desenhos, uma capa alternativa e uma extensa bibliografia.

Resta-me agora tentar levar-vos para “há muito tempo, em uma galáxia muito, muito distante…”

Vamos à história!

Agosto de 1976.

George Lucas, juntamente com sua mulher Marcia, ouve pacientemente o discurso desesperado de Gary Kurtz, produtor e braço direito do realizador. Têm 350 planos de efeitos especiais para efectuar em poucos meses, toda a montagem do filme por fazer e nem sequer têm contrato assinado com a 20th Century Fox. Foram 3 anos de trabalho e todas as poupanças de Lucas investidas no projecto. George Lucas, calmo como sempre, limita-se a dizer à mulher: “Preciso que me leves ao hospital. Acho que estou a ter um ataque cardíaco…” e sucumbe.

George Lucas não foi um aluno exemplar, nem andou lá perto. Não gostava que o obrigassem a fazer coisas que não lhe agradavam. E reagia da mesma maneira com a sua família – até para cortar a relva do jardim era uma luta! George preferia mergulhar nos livros de banda desenhada do Tommy Tomorrow ou assistir às séries de televisão, caindo a sua preferência nas aventuras de Flash Gordon.

As Guerras de Lucas – O efeito Guerra das Estrelas

Mais velho, a sua paixão recai nos carros e nas corridas de automóveis. Chega mesmo a filmar e fotografar algumas, nascendo então o seu gosto pela imagem. Acaba por comprar o seu orgulho – um Autobianchi Bianchina, que manda personalizar. Os estudos vão de mal a pior para desespero dos seus pais, e ele prefere passear-se pelas ruas de Modesto no seu bólide, até altas horas da noite.

Um dia, ao volante do seu automóvel, George sofre um acidente extremamente grave que por pouco não lhe tira a vida. Profundamente afectado pelo acontecimento, ele resolve mudar de vida e ir para a faculdade… estudar cinema. Seguem-se 15 anos de aventura, desespero, inventividade e genialidade, durante os quais George nem sequer sonha estar a revolucionar o cinema, a afectar a vida de milhões e milhões de pessoas em todo o mundo, e a deixar a sua marca na história…

As Guerras de Lucas – O efeito Guerra das Estrelas

Escrever uma biografia de George Lucas não é algo fácil, sobretudo porque tanto já foi dito sobre o realizador em documentários, livros, extras de DVD de Star Wars, etc. Ainda para mais, George é tímido e reservado.

Mas mais extraordinário é fazê-lo em Banda Desenhada. E é isso mesmo que Laurent Hopman fez – escreveu uma biografia de George Lucas em BD, fruto de um trabalho hercúleo e de uma investigação meticulosa, como se pode constatar na bibliografia incluída no final do livro.

E conseguiu criar uma biografia emocionante, muito para lá da mera enumeração de factos, com uma narrativa que ganha grande dinamismo através das várias analepses ou flashbacks que chegam a ser repetidos numa espécie de narrativa cinematográfica como é o caso do desastre de automóvel sofrido por Lucas.

Da infância, passando pela adolescência, até ao começo da idade adulta, o livro prepara-nos assim para o seu momento maior – o processo de criação do filme que Lucas sempre sonhou realizar e que conhecemos hoje como Star Wars – A New Hope.

Mas antes disso, somos levados por uma viagem quase iniciática pelos meandros de Hollywood e por uma nova geração que a vai revolucionar.

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