Antoine Cossé na Splaft! 19.
Para as fotografias da exposição de Antoine Cossé no XIX Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja, clicar aqui.
Este autor de banda desenhada nasceu em 1981, tendo crescido nos subúrbios de Paris. Após ter participado, na sua adolescescência, num concurso de BD no Festival de BD de Angoulême, emigrou, aos 20 anos, para Londres, para estudar no Camberwell College of Arts, onde obteve o bacharelato em 2006.
Após os estudos, autoeditou o seu trabalho, antes do seu caminho se cruzar com as editoras anglo-saxónicas interessadas em publicar o seu trabalho.
Alguns dos seus primeiros trabalhos foram “AAARRRRRRR (autoedição), “Kiddo” e “Vignette” (ambos na Records Records Records). Na Breakdown Press, foram publicadas “Mutiny Bay”, “Showtime”, “NWAI”, “Palace 0”, “Palace1” e “J.1137”, entre outras obras. Paralelamente, registe-se ainda a edição de “Harold” na Retrofit Comics e “The Train” na Colorama Books. Em França, publicou “La Villa S.” na editora Les Requins Marteaux e “Métax” na Cornélius. Colaborou ainda em antologias, como a “Kramers Ergot”, “Volcan” e “Lagon”.
Cossé mistura as tintas, aguarelas, marcadores e lápis para criar as suas ilustrações delicadas, com um distintivo traço fino. Nas suas influências iniciais, o autor evoca frequentemente Hergé, Crumb e, posteriormente, Chris Ware. No entanto, considera que, para além da literatura, cinema e arquitetura, retira muitos elementos dos seus próprios sonhos para os seus trabalhos.
As temáticas variam desde o homem de coração partido que tentar acabar com a sua dor na sua casa moderna a narrativas que obrigam a maior pesquisa história ao terem lugar no início do século XVI.
Entre projetos mais demorados, Cossé realiza ilustração publicitária e editorial. O seu trabalho tem ilustrado prestigiosas publicações como “The New Yorker”, “The New York Times”, “The Guardian”. “Le Monde Diplomatique”, “Libération” e “Les Inrockuptibles”, entre muitos outros. Estas pausas são um exercício diferente da criação de bandas desenhadas, permitindo-lhe não trabalhar em narrativas, mas focar-se somente numa dada ideia ou momento.
Se Cossé encara uma banda desenhada mais curta como algo potencialmente excitante e divertido, é notório que um livro de maior fôlego necessita de rotina e disciplina, obrigando a inserir um ritmo no processo criativo que lhe permita manter o interesse. Independentemente da quantidade de páginas que cada uma das suas bandas desenhadas apresenta, é inegável estarmos perante um dos autores de banda desenhada com um dos registos gráficos contemporâneos mais interessantes. Prova disso é o facto das suas bandas desenhadas serem traduzidas e publicadas em diversos países, como EUA, Alemanha e Itália.
nota: versão atualizada do artigo publicado em Splaft! #19 (Bedeteca de Beja, 2024)
Fundador e administrador do site, com formação em banda desenhada. Consultor editorial freelance e autor de livros e artigos em diferentes publicações.