José de Matos-Cruz

José de Matos-Cruz

BD² – Base de Dados de Banda Desenhada

José de Matos-Cruz

Nascimento: 9 de fevereiro 1947
Naturalidade: Mortágua, Viseu, Portugal

Escritor, jornalista, professor no ensino superior, investigador cultural e enciclopedista, e, desde 1980 até à aposentação, historiador especializado no cinema português, é também argumentista e editor de BD. Ao longo da sua carreira, assinou mais de 110 livros em diversos temas e participou em mais de vinte volumes coletivos.

Licenciou-se em Direito pela Universidade de Coimbra (1973) e foi um dos pioneiros na divulgação da banda desenhada em Portugal, começando por publicar um dos três primeiros fanzines do país, Copra (1972), incluindo no #3 (1974) uma BD concebida visualmente por Nelson Dias (com guião de Augusto Mota), e cuja heroína tem o mesmo nome do título da publicação. Colaborou com textos noutros títulos na mesma época, tais como Argon, Quadrinhos e Yellow Kid (1972), Impulso e Rack (1973), e, em 1973, também fundou e dirigiu as revistas Ploc! e Aleph.

Cofundou em Coimbra o grupo Boomovimento, que organizou uma das iniciais manifestações de BD do país, o “I Encontro de Banda Desenhada Nacional” (1973), na Figueira da Foz. O grupo promoveu outros eventos que sedimentaram a BD entre nós, na década de 70.

Como argumentista de banda desenhada, sob o pseudónimo de Jomac, fez parceria com o desenhador Tó (vulgo, José António Antunes) na tira cómica “King Size”, publicada no Diário de Coimbra, entre 1973 e 1974, sob a tutela de Boomovimento.

Em Lisboa, esteve na fundação do Clube Português de Banda Desenhada (1976) e colaborou em publicações nacionais, como Mundo de Aventuras, Almanaque O Mosquito, e em estrangeiras, como El Globo, ¡Bang!, Comics Camp/Comics In e Sunday (Espanha), Il Fumetto (Itália) e Falatoff (França), nos quais se dedicou, em especial, à divulgação do álbum Wanya: Escala em Orongo, de Augusto Mota (argumento) e Nelson Dias (desenho).

Especializou-se, então, na crítica e promoção de banda desenhada em jornais e revistas, sucedendo a Leonardo de Sá na página “Especial Quadradinhos”, no jornal A Capital (1983-2004), escrevendo ainda no Jornal de Notícias (1984). Desenvolveu também artigos de investigação em álbuns das editoras Futura e Eseuve (Espanha).

Em 1991, colaborou na revista Simão, editada pela Associação Velho Pelicano, e estreia a secção “Quadradinhos” no Diário de Notícias, criando também no suplemento Cultura a rubrica “Últimas Bandas”. Também nesse ano, iniciou na revista Vídeo-Guia a série “Filmes em Quadradinhos”.

Em 1992, no jornal A Capital, escreveu duas séries, “BD/Cine” e “Cine/BD”, onde examina obras de BD transpostas para cinema e vice-versa.

Em 1999, na nova série da revista Selecções BD, publicada pela Meribérica/Liber, escreveu a secção “Mundo em Quadradinhos”. Por fim, em 2003, na revista Primeiras Imagens, assinou a rubrica “Fotogramas & Quadradinhos”, ano em que participa no livro Vasco Granja: Uma Vida… 1000 Imagens (ASA) e, posteriormente, em 2004, Fadas Láureas (Prime Books), ilustrado por Luís Louro.

Em 2004, desenvolveu a sua personagem O Infante Portugal, criada originalmente num conto d’Os SobreNaturais, sequela do livro Os EntreTantos (Editorial Notícias, 2003), através de seriado online em Truca.pt. Os capítulos contaram com ilustrações por diversos veteranos da BD nacional, bem como de novos talentos. A obra foi compilada no livro O Infante Portugal e As Tramóias Capitais, em autoedição pela chancela Kafre (2007), relançada, expandida e culminante em trilogia pela Apenas Livros, entre 2010 e 2012, que publicou respetivamente O Infante Portugal e A Íntima Capitulação, ilustrado por diversos autores, e O Infante Portugal e As Sombras Mutantes, ilustrado por Daniel Maia, com colaboração de Daniel Henriques e Susana Resende.

Retomou a atividade de argumentista em 2015, em parceria com o desenhador Renato Abreu, no fanzine Efeméride: Heróis de BD no Século XXI, publicado por Geraldes Lino, onde assina o tributo Sonhos de Valentina.

Em novembro de 2015, através de acordo com Câmara Municipal de Cascais e Biblioteca Municipal de S. Domingos de Rana, é criada neste organismo a Bedeteca José de Matos-Cruz, uma das cinco bedetecas atualmente a funcionar no país (i.e. Bedeteca de Lisboa, Bedeteca de Beja, Bedeteca da Amadora e Bedeteca Luiz Beira em Viseu).

Entre 2016 e 2017, este organismo acolheu o ciclo “Conversa(s) sobre Banda Desenhada”, com coordenação e moderação por José de Matos-Cruz, que ao longo de quatro edições convidou as personalidades do sector José Ruy (setembro, 2016), José Garcês (novembro, 2016), Jorge Magalhães e Catherine Labey (julho, 2017) e Geraldes Lino (outubro, 2017). A Bedeteca promoveu ainda outras iniciativas, tais como a palestra “Fontes de Inspiração na BD: Do Tintim ao Menino Triste,” de João Mascarenhas (2017), a oficina de BD “Da Ideia ao Livro,” de Marc Parchow, a masterclass “Verve Digital” de Daniel Maia e Susana Resende, entre outras, incluindo exposições.

Em 2017, adaptou o seu universo ficcional à banda desenhada em O Infante Portugal em Universos Reunidos, ilustrado por Daniel Maia, com colaboração de Daniel Henriques (arte-final) e Susana Resende (desenho), mais participações especiais de José Garcês e José Ruy. O título foi coeditado pelas chancelas Kafre/Arga Warga.

Nesse ano, o autor lançou a série spin-off Aurora Boreal (2017-2020), também editada pela Apenas Livros, dividida em três ciclos, compostos por quatro livros de cordel, intitulados Aurora Boreal e O Princípio Infinito (2017-2018), Aurora Boreal e O Eterno Paradoxo (2019), e Aurora Boreal e O Círculo Imperfeito (2020), igualmente ilustrados por diversos autores portugueses.

A heroína é adaptada à banda desenhada em 2022, na antologia Aurora Boreal em Reflexos Partilhados, numa coedição Kafre/Arga Warga. Colaboram no volume os ilustradores Daniel Maia, Fernando Vilhena de Mendonça, João Raz, José Bandeira, José Ruy, Nuno Dias, Renato Abreu e Susana Resende, a coautora (visual) da protagonista.

Em 2018, inicia colaboração regular no e-zine Orion, coordenado pelo autor Renato Abreu, ali publicando contos e bandas desenhadas, ilustradas por aquele desenhador. Os títulos têm uma edição impressa, embora de tiragem limitada, reservada aos autores.

É responsável pela coordenação ou consulta na produção de inúmeras exposições de BD, culminando com Quadradinhos Portugueses – Olhares & Estilos (Cidadela Art District – Cascais, 2017).

Ao longo de uma carreira intensa, foi distinguido com o Prémio Simão (1993), no âmbito da crítica, pela Associação Velho Pelicano, com Menção Honrosa Especial (1997) pelo salão SobredaBD, e com Diploma de Honra (2002), pela Tertúlia BD de Lisboa. Pelo contributo para a BD portuguesa, cinema de animação e percurso de carreira, recebeu o Troféu do Júri do VIII Troféus Central Comics (2011), o Troféu CinemAnimação e o Troféu de Honra pelo 23º Amadora BD (2012).

Está representado nas enciclopédias Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura / Suplemento (ed. Verbo, 1986), O Grande Livro dos Portugueses (ed. Círculo de Leitores, 1991) e Dicionário dos Autores de Banda Desenhada e Cartoon Em Portugal (Edições Época de Ouro, 1999).

Banda Desenhada publicada em Portugal

One-Shots

Séries

  • Copra
    • #3 – Boomovimento, 1974 (ideia original de “Copra”)
  • Efeméride
    • #6: Heróis de BD no Século XXI – Parte 3 – ed. Geraldes Lino, 2015 (“Sonhos de Valentina”)
  • Orion
    • #1 – ed. zOrion, 2018 (“Os Futuros Primitivos”)
    • #2 – ed. zOrion, 2018 (“O Diabo Enamorado” e “Despeito!”)
    • #3 – ed. zOrion, 2019 (“Além do Arco-Íris”)
    • #5 – ed. zOrion, 2020 (“Infis – Os Outros Nós”)
    • #6 – ed. zOrion, 2021 (“Lobisomem”)

Participação em Antologias de BD

  • Fadas Láureas – PrimeBooks, 2004
  • Vasco Granja: Uma Vida… 1000 Imagens  – ASA, 2003

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